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O QUE É COHOUSING?

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Em linhas gerais, trata-se de uma comunidade de pessoas com objetivos ou necessidades comuns, como profissionais aposentados, por exemplo. Essas pessoas decidem comprar um grande terreno onde irão construir suas residências individuais, contendo o básico: quarto, escritório, banheiro e cozinha, por exemplo.  

 Participação dos futuros moradores

Os moradores participam de todas as etapas do projeto, desde a escolha e compra do terreno até o projeto arquitetônico. O poder de decisão é do grupo como um todo, por meio de consenso, sem hierarquias.

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O que é cohousing?

 

É uma comunidade, formada por pessoas que decidem morar em residências individuais menores, com apenas um quarto, escritório, banheiro, uma cozinha e uma varanda, por exemplo. Os espaços maiores, como lavanderia, cozinha profissional, horta hidropônica (se for o caso), biblioteca, sala de ginástica, entre outros, são compartilhados por todos. O objetivo é eliminar a reduplicação desses espaços, que são os mais dispendiosos quanto  à construção e manutenção. 

 

As seis características essenciais que definem esse tipo de moradia são:

 

(1) Participação: os futuros moradores participam de todas as etapas do projeto, a fim de atender às necessidades do grupo (por exemplo, o tamanho das casas, a planta, localização e compra do terreno, etc.).

 

(2) Projeto arquitetônico: os futuros moradores podem e devem explicitar, ao arquiteto e/ou engenheiro, suas necessidades e seus objetivos, já que se trata de um projeto encomendado para uso específico. Por isso, devem participar de cada etapa do projeto das residências individuais padronizadas (fachada, planta de layout, e planta executiva), da área externa coletiva (jardim, horta, etc.)  e das áreas comuns (lavanderia, cozinha profissional, sala de jantar, sala de estar, biblioteca, sala de ginástica, entre outras), que são as maiores. Em torno dessas áreas externas, serão construídas as casas, que deverão, de preferência, ficar em frente umas das outras a fim de facilitar a socialização entre os moradores.

 

(3) Espaços compartilhados: formam parte integral da comunidade, por complementarem as residências individuais. Esses espaços incluem uma cozinha comunitária, sala de jantar e de estar, lavanderia, oficina, biblioteca, sala de ginástica, sala de artes, além de quartos de hóspede para amigos e familiares dos moradores ou até para cuidadores, caso necessário.

 

(4) Gerenciamento próprio: os próprios residentes são responsáveis pelo gerenciamento da cohousing. Além disso, eles também podem se responsabilizar pela maior parte do trabalho de manutenção da propriedade (jardinagem, limpeza das áreas internas comuns, como a cozinha) e pelo andamento da rotina diária (tais como a preparação das refeições comuns, em sistema de rodízio) e a elaboração de normas internas (se for o caso).

 

(5) Poder de decisão não hierárquico: Apesar de sempre existirem líderes, como em toda comunidade, nenhum membro dessa comunidade tem autoridade sobre o outro. Cada um contribui com tarefas que estejam de acordo com suas habilidades específicas ou preferências. Caso necessário, um especialista (da própria comunidade ou não) pode oferecer treinamento sobre tomadas de decisão por meio de consenso. Outra opção é recorrer ao voto.

 

(6) Lucros: a comunidade não gera lucros embora, às vezes, seja possível oferecer remuneração a um dos moradores para que desempenhe, por tempo limitado, uma ou outra tarefa que demande treinamento específico e que seja de primordial importância para o grupo. No entanto, via de regra, considera-se que o trabalho dos residentes, dentro da comunidade, seja sua contribuição pessoal à mesma.

 

Six defining characteristics of cohousing - Fellowship for Intentional ... 

www.ic.org/wiki/six-defining-characteristics-of-cohousing/

 Modelo de residências comunitárias para moradores de diversas idades, na Dinamarca

 O vídeo à esquerda é um clip do documentário "Happy" (Happy (2011) - IMDb www.imdb.com/title/tt1613092). A Dinamarca é conhecida por ser o país mais feliz do mundo.

 

Neste clipe, de pouco mais de cinco minutos, uma dinamarquesa, separada com três filhas, fala dos motivos que a levaram até ali e da rotina na comunidade. É interessante ver a casa por dentro e presenciar um pouco da rotina da comunidade. Mesmo nos momentos em que falam dinamarquês, dá para entender com a ajuda do vídeo.

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NOTA:  O vídeo, em sua maior parte, é em inglês (às vezes, um pouco difícil de entender, devido ao sotaque de um ou outro dos entrevistados); no entanto, o que não se entende, dá para depreender (mais ou menos!).

(1) A Dinamarca é conhecida por seu bem-estar social e alto padrão de vida. Todos têm acesso à educação até o segundo grau e à saúde pela vida inteira. O que chama mais a atenção são as moradias compartilhadas (cohousing), onde mora a maioria dos dinamarqueses, o que bate o récorde entre todos países industrializados de hoje. As moradias são simples: em um tipo de residência, as famílias moram em prédios de apartamento; em outros, em casas. Na cohousing do vídeo, moram vinte famílias. Conforme o depoimento de uma moradora, em sua casa, de cômodos pequenos (para padrões da classe média brasileira), moram ela, que é a mãe, e suas três filhas (a menor deve ter mais ou menos seis ou sete anos de idade). A varanda, devido à limitação do espaço, virou sala de estar, apesar de ser toda de vidro (depreende-se que, ali, não existe problema com relação à segurança). 

 

(2) Em seu depoimento, a mãe das adolescentes fala da dificuldade que tinha antes de se mudar para sua atual cohousing. Ela não via saída para sua situação: trabalhava durante o dia e, à noite, ao chegar em casa, ainda tinha de cuidar do jantar. Hoje, com o rodízio, ela cozinha apenas uma ou duas vezes por mês, o que torna possível economizar dinheiro e também toda a energia que dispendia para decidir, todos os dias, o que preparar para a janta. Todo esse tempo (2 ou 3 horas por dia), que antes a privava da companhia das filhas, por ficar presa à cozinha, converteu-se, hoje, em tempo livre para ficar com elas. Ali, na sua comunidade, todos se ajudam e se tratam como se fossem parentes. As pessoas mais velhas são consideradas praticamente avós de suas filhas.

 

(3) No final do vídeo, outro entrevistado, um pesquisador (não identificado) acrescenta que morar numa comunidade leva a pessoa a refletir sobre sua vida e chegar à conclusão de que está ótima do jeito que está. É muito boa a sensação de poder dar algo meu a alguém que não tem, ele completa. E continua: isso faz com que as pessoas passem a ver o que possuem e que pode ser compartilhado com o outro.  A pesquisa mostra que compartilhar torna as pessoas mais felizes. Precisamos cuidar de algo que seja maior que nós mesmos.

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 A invenção da terceira idade:novos estilos de vida e padrões de consumo: "a nova velhice", a "boa velhice" 

http://www.institutocpfl.org.br/cultura/2014/08/18/invencao-da-terceira-idade- com-guita-grin-debert-versao-tv-cultura/ 

Alexandre Kalache (23/1/2006: 1m.): Memória Roda …

www.rodaviva.fapesp.br/materia/240/entrevistados/alexandre_kalache...: Nesse link, além do texto escrito, tem um vídeo de 1 minuto, no qual Alexandre Kalache menciona o preconceito a respeito do envelhecimento (no Brasil). Vale a pena conferir.

                  OUTRA COMUNIDADE, COM MORADORES DE DIVERSAS IDADES (NOS ESTADOS UNIDOS)

Video “Ravens’ Roost” (17/1/2015: 3:41): exemplo de uma cohousing para moradores de diversas idades nos Estados Unidos. O vídeo mostra o ponto essencial do projeto: o convívio entre os futuros moradores, ressaltando suas expectativas e suas percepções (que devem ser praticamente as mesmas em qualquer projeto deste tipo).[www.ravensroostcoho.org]



Depoimentos de alguns moradores

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NOTA: as falas (não planejadas/ em linguagem informal) foram traduzidas do inglês para o português brasileiro coloquial. (E.R.H.)

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Notações: 

[.] curta pausa para reestruturações

[ ] acréscimos, adaptações, notas da tradutora

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(1) [Jovem loura, de gorro lilás] Eu acho que, para nós, todo esse conceito de cohousing era uma coisa desconhecida, [que] a gente nunca tinha ouvido falar antes. Por isso, a gente queria pesquisar para ver bem do que se tratava. Quanto mais a gente aprendia, mais a gente chegava à conclusão de que era algo que estava em sintonia com o que a gente pensava.

 

(2) [A loura da foto, de olhos sorridentes e de casaco rosa pink]:Eu não estava afim, por causa de todo aquele processo de decisão que se tem que fazer. [Eu dizia que] era trabalho demais depois de um dia de trabalho, mas aí eu conheci o grupo e eu [disse assim] , "Puxa, esse pessoal é bem legal". "Oh, eu acho que eu posso participar das decisões com eles sem arrancar os cabelos".

 

(3) [Jovem louro de casaco marrom claro]: Acho que vimos logo que isso caía como uma luva para nós, assim como [para] muitos dos outros membros. Acho que algumas pessoas tinham de ter mais tempo para pensar nisso. Mas, parece que a gente já sabia que esta era uma comunidade bastante acolhedora, e não é uma coisa passageira, cê sabe, né? As pessoas aqui vão acabar se conhecendo; aqui, existe um sentimento de segurança e de inclusão [belonging].

 

(4) [Mulher de gorro vermelho e branco]: Muita gente acha que é [.], de alguma forma, as finanças de todos estão atreladas, e não estão. Cada um tem o seu próprio financiamento e a sua própria casa. Algumas pessoas acham que não vão ter nem tempo nem espaço suficientes para si mesmas, e isto [.] eu já morei em comunidades assim em ambientes até mais íntimos e isto não acontece; você consegue ter um lugar seu.

 

(5) [Homem de meia idade, marido da loura da foto]:Acho que teve muito a ver com o nosso encontro com o grupo [para] ver quem seriam os nossos futuros vizinhos, e isto nos fez sentir que [.] “ah, este é o tipo do grupo que a gente gostaria de conviver e de conhecer mais”.

 

(6) [Homem de meia idade de casaco preto]: São as atividades em comum [de grupo] que realmente me empolgam, e eu vejo [.] estou ansioso e pronto para as sessões musicais, os concertos de música e os treinos depois dos jantares comunitários. Estou ansioso para trabalhar na oficina e para acender o fogão à lenha da nossa casa comumunitária.

 

(7) [Mulher de cabelos longos, casaco e olhos azuis]: Bem, atualmente, eu moro numa casa espaçosa na encosta da colina, e muita gente diz, “como é que você pode mudar de lá para um condomínio de quatrocentos metros quadrados?” E o que eu aprendi foi que morar numa casa espaçosa num lugar lindo é legal, mas não é o que me faz feliz. Por isso, estou ansiosa para [.] meu jeito de medir meu grau de felicidade tem a ver com o quanto eu consigo rir a cada dia.

 

(8) [A mesma jovem loura, de gorro lilás]: --Bem, cê sabe, né? Eu gosto da ideia de incluírem a interação no design da comunidade, como fica mais fácil interagir com os vizinhos. Adoro a ideia da “moradia comunitária” e de poder voltar para casa, depois de um longo dia de trabalho, e ir até a “moradia comunitária” para jantar com os vizinhos.

 

(9) [Marido da loura de olhos sorridentes]: --A outra coisa é que eu gosto da ideia de morar, eu diria, eficientemente e [.] compartilhando coisas com outras pessoas, quer dizer, não apenas objetos tangíveis, mas também experiências e habilidades e eu conheço algumas pessoas que sabem fazer, que têm experiência com certas coisas, que eu gostaria de aprender.

 

(10) [O mesmo jovem louro de casaco marrom claro]: --Bem, é que existe uma sensação [sense] de conhecimento e sabedoria que a gente compartilha dentro da comunidade, que nos torna mais fortes …

 

(11) [A mesma loura de casaco azul e olhos azuis]: -- É, estou ansiosa para ficar aqui em “Ravens’ Roost” onde, eu acho, quanto mais a gente  mergulha, mais a gente usufrui.

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"Cohousing pode ser definido como uma estratégia para gerar riqueza, que permite às pessoas construir moradias acessíveis, enriquecidas com abundância de capital social." Charles Durrett, The Senior Cohousing Handbook: A Community Approach to Independent Living 

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